Agrominerais silicáticos: oportunidade para engenheiros e agrônomos na agricultura sustentável
- A.E.A.O.R
- 19 de nov.
- 3 min de leitura
O Brasil está entre os maiores consumidores de fertilizantes do mundo e depende fortemente de insumos químicos importados para manter sua produção agrícola. Essa realidade pressiona custos, aumenta a vulnerabilidade externa e desafia o país a buscar alternativas mais sustentáveis. É nesse cenário que os agrominerais silicáticos e os remineralizadores de solo começam a ganhar espaço como solução técnica e estratégica.

Os remineralizadores de solo (REM) são materiais de origem mineral, muitas vezes derivados de finos de britagem e pó de rocha, que devolvem nutrientes ao solo de forma gradual. Quando compostos por agrominerais silicáticos, esses insumos podem atuar como fontes de macro e micronutrientes, contribuindo para a recuperação de solos degradados e para a construção de fertilidade de médio e longo prazo. Em vez de atuar apenas como “corretivo pontual”, o REM se integra ao sistema de manejo, em sinergia com matéria orgânica e boas práticas agronômicas.
O Plano Nacional de Fertilizantes projeta uma demanda crescente por soluções que reduzam a dependência de produtos importados. Ao mesmo tempo, o Serviço Geológico do Brasil e a Embrapa vêm mapeando e estudando o potencial agromineral em diferentes regiões, com destaque para o Estado de São Paulo. A diversidade geológica, a presença de formações vulcânicas com boa aptidão para uso agrícola e a força do agronegócio paulista criam um ambiente favorável para testar, validar e escalar o uso de agrominerais silicáticos como remineralizadores de solo.
Para engenheiros, agrônomos, geólogos e demais profissionais da área tecnológica, trata-se de um campo de atuação em franca expansão. A seleção adequada das rochas, a definição da granulometria, o desenvolvimento de processos de britagem e moagem eficientes e o desenho de recomendações agronômicas compatíveis com cada cultura exigem conhecimento técnico multidisciplinar. A interface entre Engenharia de Minas, Agronomia e Geociências é central para transformar o pó de rocha em insumo agrícola confiável, com desempenho comprovado em diferentes tipos de solo e sistemas produtivos.
Os benefícios potenciais vão além da fertilidade. A utilização de fontes minerais locais pode reduzir custos logísticos e a exposição a flutuações cambiais, ao mesmo tempo em que dá novo destino a materiais que antes eram subaproveitados pela mineração. Em paralelo, o uso de remineralizadores se conecta a agendas de agricultura regenerativa, manejo conservacionista e menor impacto ambiental, alinhando produtividade a compromissos climáticos e de sustentabilidade.
Ainda há desafios importantes. A eficiência dos REM depende de processos biológicos e do manejo ao longo do tempo, o que demanda pesquisas de longa duração, experimentos em condições reais de campo e transferência de tecnologia consistente. Sem essa ponte entre ciência e produção, o tema corre o risco de ficar restrito à academia ou de ser apropriado por soluções pouco embasadas tecnicamente. Por isso, a articulação entre instituições de pesquisa, associações profissionais, setor produtivo e poder público é fundamental.
Na prática, engenheiros e agrônomos podem atuar desde o diagnóstico de áreas com potencial para fornecimento de agrominerais silicáticos até a construção de recomendações de uso em propriedades rurais. Projetos piloto, acompanhamento de indicadores de produtividade e de qualidade do solo, além do registro sistemático de resultados, ajudam a consolidar a confiança nesses insumos e a orientar investimentos em escala industrial.
Para a AEAOR e seus associados, o tema dos agrominerais silicáticos e dos remineralizadores de solo representa uma oportunidade concreta de protagonismo técnico e regional. Ao aproximar produtores, empresas de mineração, cooperativas, pesquisadores e gestores públicos, a associação pode contribuir diretamente para que a região avance na direção de uma agricultura mais resiliente, com menor dependência de insumos importados e maior valorização dos recursos locais.
Em um país que tende a responder por parcela significativa da produção mundial de alimentos, discutir e desenvolver soluções como os agrominerais silicáticos não é apenas uma opção, mas uma necessidade estratégica. E são justamente engenheiros e agrônomos que têm as ferramentas para transformar esse potencial em prática de campo, resultados econômicos e benefícios ambientais mensuráveis.








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