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Brasil pode liderar a produção de bioplásticos sustentáveis com base na cana-de-açúcar

  • A.E.A.O.R
  • 24 de mai.
  • 3 min de leitura

O mundo está em busca de soluções concretas para reduzir a dependência do petróleo e minimizar os impactos ambientais da produção de plástico. E o Brasil tem uma oportunidade promissora de assumir protagonismo nessa transição: tornar-se líder mundial na produção de bioplásticos feitos a partir da cana-de-açúcar.


É o que revela um estudo conduzido pelo Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), vinculado ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, aponta que o país possui condições ideais para ampliar de forma sustentável a produção de polietileno de base biológica, conhecido como bioPE.





O que é o bioPE?

O bioPE é um tipo de plástico derivado da cana-de-açúcar, com propriedades idênticas às do polietileno tradicional — o mais comum entre os plásticos convencionais. Isso significa que pode ser usado nas mesmas aplicações: embalagens, brinquedos, revestimentos e muitos outros produtos. A diferença está na origem: enquanto o plástico tradicional vem do petróleo, o bioPE é produzido a partir de uma fonte renovável.


Além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a produção do bioPE pode colaborar com a regeneração ambiental, já que o cultivo da cana pode ser realizado em áreas de pastagem degradadas, sem prejudicar a biodiversidade ou comprometer os recursos hídricos.



Brasil: potencial para liderar com sustentabilidade

Segundo o estudo, o Brasil pode utilizar até 3,55 milhões de hectares de terras para a produção de bioplásticos — sem desmatamento ou impactos ambientais significativos. Essa área seria suficiente para colocar o país na liderança da produção global, atendendo parte da demanda crescente por plásticos mais sustentáveis.


Os dados são ainda mais expressivos quando olhamos para o futuro: até 2050, estima-se que a cadeia global de produção de plásticos consuma 20% do petróleo mundial e seja responsável por até 15% das emissões globais de carbono. A transição para alternativas como o bioPE pode evitar esse cenário.



Impactos positivos no meio ambiente

Se adotado em larga escala, o bioplástico de cana tem potencial para capturar até 52 milhões de toneladas de CO₂ por ano, o equivalente a cerca de 12% das emissões anuais do setor energético no Brasil. Isso representa não só um avanço ambiental, mas também uma estratégia de desenvolvimento econômico sustentável.


Além disso, a expansão da produção poderia ser realizada sem necessidade de novas áreas agrícolas: o estudo defende o aproveitamento de terras já degradadas, garantindo a preservação dos biomas nativos.



Desafios a serem superados

Apesar das perspectivas animadoras, ainda há obstáculos no caminho da produção de bioplásticos. Um dos principais desafios está na sustentabilidade do processo produtivo, especialmente na produção de etanol de cana, matéria-prima essencial para o bioPE.


Outro ponto de atenção é que o bioPE, embora seja de origem renovável, não é biodegradável. Ou seja, ele precisa seguir fluxos adequados de coleta e reciclagem, como já acontece com o plástico convencional. Para garantir o ciclo sustentável, será essencial investir em cadeias de reciclagem química e biológica, promovendo a economia circular.



O papel da engenharia nessa transformação

A produção e a aplicação dos bioplásticos exigem conhecimento técnico e inovação — e é aí que a engenharia ganha protagonismo. Desde o desenvolvimento de tecnologias para cultivo, fermentação e processamento da cana, até o design de novos produtos e sistemas de reaproveitamento, os engenheiros estão no centro dessa mudança.


Além disso, práticas como o agrivoltaico, que une produção agrícola à geração de energia solar, também mostram como é possível integrar sustentabilidade, eficiência e inovação no uso da terra — especialmente em áreas rurais.


O estudo do LNBR deixa claro: o Brasil tem uma chance real de se tornar referência global na produção de bioplásticos sustentáveis. Com tecnologia, responsabilidade e visão de longo prazo, podemos transformar um problema ambiental em uma grande oportunidade de desenvolvimento.


A transição para materiais renováveis já começou — e o Brasil tem tudo para liderar esse movimento.

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