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O papel do petróleo na transição energética global

  • A.E.A.O.R
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura

Engenheiros analisam os desafios e as inovações para o uso mais sustentável de combustíveis fósseis



Apesar do avanço das fontes renováveis, o petróleo ainda é um dos pilares da matriz energética mundial. Sua importância econômica permanece alta, mesmo em um cenário onde a descarbonização se tornou prioridade global. Diante dessa realidade, o setor de engenharia tem atuado com protagonismo no desenvolvimento de tecnologias e estratégias que buscam tornar o uso dos combustíveis fósseis mais eficiente e menos impactante para o meio ambiente.


Neste artigo, reunimos reflexões e análises de dois especialistas com forte atuação no setor: o Eng. Minas Ricardo Cabral de Azevedo, professor da Escola Politécnica da USP e ex-conselheiro do Crea-SP, e a Eng. Química Nelize Maria de Almeida Coêlho, integrante da Câmara Especializada de Engenharia Química (CEEQ) do Conselho e professora da Universidade Santa Cecília (UniSanta).





Petróleo como ponte para o futuro

Segundo Ricardo Azevedo, é impossível falar em transição energética sem mencionar o papel central que o petróleo ainda exerce — especialmente no Brasil. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o setor é responsável por cerca de 60% dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação voltados à transição energética no país.


Mesmo com o crescimento de fontes como a energia solar, eólica e o hidrogênio verde, o petróleo continua sendo um dos combustíveis mais utilizados globalmente, substituindo outras fontes altamente poluentes, como o carvão. A expectativa é que ele continue fazendo parte da matriz energética por tempo indeterminado — mas de forma cada vez mais responsável.



Inovação e sustentabilidade: o desafio do setor

A indústria do petróleo está investindo fortemente em tecnologias para minimizar sua pegada de carbono. Como destaca Nelize Coêlho, uma das mais promissoras é a Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono (CCUS), que consiste em capturar o CO₂ extraído junto ao petróleo e reinjetá-lo no subsolo. Um dos primeiros projetos de sucesso foi o Sleipner, na Noruega, seguido por iniciativas brasileiras, como a da Petrobras, que opera a maior frente de reinjeção de CO₂ em águas ultraprofundas no mundo.


Outras frentes de inovação incluem:


  • Otimização dos processos de refino, com foco em eficiência energética;

  • Modernização de refinarias, muitas das quais operam desde a década de 1950;

  • Desenvolvimento de biocombustíveis para complementar o uso do petróleo;

  • Uso de catalisadores mais eficientes para processos de beneficiamento.



O equilíbrio entre economia e clima

A indústria do petróleo e gás representa uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) de países produtores, sustentando cadeias industriais e milhões de empregos. No entanto, essa relevância precisa caminhar junto com medidas urgentes de combate às mudanças climáticas.


Para Nelize, o caminho mais viável é adotar um modelo híbrido, onde a produção de petróleo seja continuamente otimizada e descarbonizada, enquanto o setor investe na diversificação de fontes e tecnologias renováveis. Isso inclui garantir uma transição energética justa, com atenção à recolocação de trabalhadores e ao abastecimento contínuo.



A engenharia como força de transformação

O papel da engenharia é fundamental nesse processo. Os engenheiros estão na linha de frente da transição, projetando soluções, otimizando processos e aplicando tecnologias que tornam o uso de combustíveis fósseis mais sustentável. Entre as atribuições, destacam-se:


  • Desenvolvimento de sistemas de cogeração e recuperação de calor;

  • Implantação de sistemas de gestão de resíduos e produção;

  • Aplicação de análise de dados para controle em tempo real;

  • Criação de novos catalisadores e combustíveis sintéticos;

  • Desenvolvimento de novas rotas químicas e soluções técnicas para extração e refino.


Como afirma Nelize, não há progresso tecnológico, econômico ou social sem engenheiros. A formação técnica e a capacidade criativa desses profissionais são essenciais para enfrentar os desafios ambientais do presente e do futuro.


O petróleo ainda tem papel relevante na matriz energética, mas precisa evoluir — e a engenharia está conduzindo esse processo. A inovação aplicada à sustentabilidade é o caminho para garantir segurança energética, proteger o meio ambiente e promover o desenvolvimento com responsabilidade.


A transição energética não é uma ruptura. É uma construção. E a engenharia está entre os pilares que sustentam essa mudança.

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